domingo, 1 de fevereiro de 2015

In A Hole with Tangerine Kisses - An Interview


Tangerine Kisses aka Cassius Rocha é um one man band que teve seu ep lançado no final de 2014 via prórpias mãos, e agora é relançado pelo TBTCI Records tamanho o baque que foi a audição das quatros faixas do Primeiro Aglomerado nome do disquinho.

J&MC lo-fi, sexy e delirantemente calcado em distorções, experimentações e delírios shoegazers e krauts.

O conceito é DIY mas a atitude punk vai além dos protestos usuais, o negócio é muito mais mental e psicológico do que comportamental.

Dia 02 de fevereiro o relançamento do Primeiro Aglomerado com faixas extras dá início a próxima etapa do Tangerine Kisses e expõe mais ainda as perversidades e temores de seu autor.

Por hora, conheça mais do seu criador em entrevista exclusiva pré lançamento para o TBTCI.


***** Entrevista com Tangerine Kisses ******


Q. Quando tudo começou? Por que Tangerine Kisses , qual a origem do nome?
As gravações que acabaram ganhando o nome de Tangerine Kisses começaram, basicamente, quando herdei de dois amigos um violão e uma guitarra (ainda não aprendi como funciona esse negócio de notas etc). Sempre ouvi muita música e, num processo que me pareceu meio que natural, acabei criando vontade de colocar pra fora os sons que iam se acumulando. Encontro na música a sensação mais completa de todas, um bem estar generalizado.

Com essa guitarra e o violão na mão (e sem nenhuma técnica), influenciado por muita coisa, decidi ver o que seria possível fazer ; pesquisei um programinha básico de edição de áudio e comecei a experimentar. A ideia do “do it yourself” atualmente, com tantos recursos tecnológicos relativamente popularizados, pode chegar a bons extremos para quem tem interesse (tanto em fazer como em ouvir). Resumindo, entre 2011/2012 decidi começar a subir o que vinha fazendo para o Soundcloud, de modo bem despretensioso, mostrava só para uma meia dúzia de amigos mais próximos.

Quanto ao nome, Tangerine Kisses, é só um beijo daqueles que acidentalmente vem com sabor e, no caso, foi de mexerica. Mas, achei que “Beijos de Mexerica” poderia soar um pouco confuso.

Q. Quais as suas influências?
Ouço coisas bem diferentes umas das outras e, cada vez mais, vou adicionando sonoridades. Ali por 2009, talvez tardiamente, comecei a ter contato com o shoegazing e tudo o que vem junto. Até hoje, acho que foi o tipo de som que mais me afetou. É um som que me passa algo único, que só ele consegue, como se essa sonoridade fosse o ápice do que quer que seja. O punk rock tem muita importância na minha formação como pessoa, foi quando comecei a ter contato com a rua, ainda adolescente, querendo algo que afirmasse toda aquela necessidade de rebeldia.

Q. E sobre a atual cena, parece que estão nascendo bandas em tudo que é esquina, quais bandas da nova geração vc recomenda?
No geral, eu acho ótimo que surjam inúmeras bandas! Independente do que cada uma delas “queira” acredito que quanto mais melhor, no sentido de que há muito mais possibilidades de se encontrar algo novo, com uma sonoridade nova (o que não quer dizer, necessariamente, que isso aconteça). Tento ver o lado bom que, pra mim, é a quantidade de gente que atualmente produz (quanto à qualidade/validez, vai de cada um). Isso dá pano pra manga hahaha.

Sobre o que ouço hoje e recomendo: Loomer, Lê Almeida (e seus múltiplos), Wallace Costa, Herod, Lupe de Lupe, Triángulo de Amor Bizarro, Asalto al Parque Zoológico, Bosques, Echo Lake, The Fauns, A Place to Bury Strangers, The Brian Jonestown Massacre, Dead Skeletons, Tropic of Cancer e mais um monte de coisas que esqueci.

Q. Por que tem tanta banda bacana e mesmo assim tem pouca gente nos shows, poucos picos pra tocar, qual a sua opinião sobre o assunto?
Outra questão que dá assunto, acho que há uma confluência de fatores. O peso comercial sempre conta muito, logo, poucos lugares vão abrir as portas para um show que potencialmente não irá render lucro. Há sim lugares que oferecem uma alternativa a isso mas, ainda assim, o público será reduzido. É pequena a cultura de ir a um show de um artista local para prestigia-lo, é como se fosse “pouca coisa”, não há glamour em ir apenas a um show, ouvir a música/ ver o artista e ir embora. Por isso, grandes festivais, com preços absurdos, são tão concorridos: há o “estar lá”, fazer parte de algo que se põe tão grande. Nesses grandes shows, imagino eu, a grande maioria vai sem nem mesmo saber quem irá tocar (e não estou dizendo que isso está errado, apenas tentando comparar) mas, ainda assim, consegue se divertir. Agora, quantas pessoas vão a um show ali na esquina ver o fulano que mora na cidade do lado e custará só 20 pilas (e muitas vezes tem muito mais qualidade que esses do grande evento)?. Aonde está o erro? Difícil sintetizar. Uma coisa que acho bem pertinente é o fato da divulgação dessas bandas pequenas ser pouco funcional. Chego a ter a impressão de que não querem um público estranho ao som que fazem, que não percebam suas influências etc. Isso, aliado ao desmerecimento ao que é feito por quem está próximo, acaba dando nesse problema: muita gente que gostaria de tocar não tem como e/ou não tem público. Realmente, é uma questão bem difícil, melhor discutida em uma mesa de bar, com opiniões contrárias pra acrescentar.

Q. Como foi o processo de gravação do ep?
Até então, tudo o que é gravado com o Tangerine Kisses surge de um jeito bem automático. Como eu disse, é como se fosse um acúmulo de som que precisa sair. Daí tem dia que eu chego em casa e só plugo a guitarrinha velha no notebook velho e vejo o que sai. Tem vez que sai algo pronto em pouco tempo, outras, saem pedaços de coisas que podem ou não ser usadas depois. Fico testando sons, combinações, às vezes uma melodia vem na cabeça do metrô, noutras uma frase. Tento deixar bem natural, eu acho, com os erros e tudo. É complicado , muitas coisas não sei reproduzir, elas acontecem ali na hora e ficam lá mesmo, o propósito é só sair. Quanto ao ep, Primeiro Aglomerado, só aconteceu porque um amigo com quem trabalhei um dia chegou e disse “por que você não lança as coisas em formato de disco, ep?”. Daí, decidi reunir algumas coisas que já estavam prontas, feitas em ocasiões diferentes e colocar esse nome que, pra mim, leva essa ideia de elementos distintos fazendo parte de uma mesma coisa, como um “aglomerado de galáxias” com o perdão da grandiloquência.

Q. Com quais bandas gringas da atualidade você gostaria de tocar?
Eita...

Echo Lake, The Fauns, Colleen Green, Bosques, Los Migues, Veronica Falls… qualquer um que gostasse de uma bagunça!


Q. Quais os 5 melhores álbuns da história para você?
Bem, vou colocar de acordo com minha história:

- Psychocandy, The Jesus and Mary Chain;
- Loveless, My Bloody Valentinte;
- Louder than Bombs, The Smiths;
- White Pony, Deftones;
- Best 20, Buddy Holly.

Q. Quais os planos pro futuro, o que esperar do Tangerine Kisses?
A intenção é sempre continuar produzindo. Eu acabo fazendo sons diferentes, de acordo com o que mais estou ouvindo/sentindo nos momentos. Então, tem algumas “linhas” que gostaria de soltar com nomes diferentes, de acordo com a identidade.

Fiquei surpreso com o interesse sobre o Tangerine Kisses, de verdade. Isso me empolgou a querer fazer ainda mais, independente de como.

Q. Alguma coisa a mais para nos contar?
Além dessa entrevista que fiquei feliz pra cacete em receber o convite? Bem, muitas coisas do Tangerine Kisses foram gravadas faltando uma corda hahaha

Fora isso, vai rolar um relançamento bem bacana do Primeiro Aglomerado, com faixas a mais e de um jeito bonito!

Obrigado pelo convite! Fico muito satisfeito pelo interesse e por todos que ouviram o Tangerine Kisses e sentiram alguma coisa com isso (boa ou ruim).
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Thanks

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